sexta-feira, 23 de setembro de 2011

IMORTAIS POETAS

Neste espaço, só as datas de nascimento dos poetas estão indicadas, pois os que o ocupam foram imortalizados por aquilo que nos deixaram escrito. Portanto, em nós permanecem e permanecerão vivos Corrêa de Araújo, Antenor Amaral, Ribamar Lopes e João Barreto, figurantes dos seguintes quadros organizados por Cláudia Arôso:

RAIMUNDO CORRÊA DE ARAÚJO
29/05/1885 – ( ... )
 Advogado, professor, estudioso, culto, profundo conhecedor dos problemas sociais e senhor da arte de versejar, tornou-se um dos mais brilhantes poetas maranhenses e o maior dos nascidos em Pedreiras.
Fez os primeiros estudos em Pedreiras. Continuou-os em São Luís, onde se formou e viveu a maior parte de sua vida, sentindo-se um exilado da terra berço, a qual visitava de vez em quando para, de volta ao “exílio”, evocar lembranças em versos carregados de sentimentos de amor e de saudades da cidade natal, de sua gente e do rio Mearim, que ele chamava o Jordão de seu batismo.
Membro fundador da Academia Maranhense de Letras, é o patrono da Cadeira nº 8 da Academia Pedreirense de Letras, em que tem acento seu fundador, o poeta Samuel Barrêto.
Corrêa de Araújo está imortalizado em tudo o que nos deixou escrito, do que grande parte se acha reunida em suas principais obras: Harpas de Fogo, Evangelho do Moço, Acrópole, Ode a Portugal, Ode a Gonçalves Dias, O Canto das Cigarras e O Tiranete de Atenas.
                   * * *
De Volta

                     Corrêa de Araújo


Cheguei há pouco. E São Luís parece
Ao meu saudoso olhar, o abominado,
O tenebroso exílio em que padece,
Longe do céu natal, o desterrado.

Desventurados, mais desventurado
Que eu não sois! A saudade me enlouquece,
Se olho além, onde um vulto iluminado
De menina e de moça resplandece.

Cego aos prazeres, chego à noite e à vida
Da cidade, persegue-me a miragem,
E os olhos volvo à aparição querida.

No exílio em que a má sorte me desterra,
Não penso em mais ninguém, só vejo a imagem
Daquela que deixei na minha terra.



                                        * * *

   O Porto de Pedreiras

                   Antenor Amaral


A vila em que se deu meu nascimento,
Agora, bem maior, feita cidade,
Vive o fervor de intenso movimento,
Refletindo o progresso que a invade.

A cada novo dia, um novo evento
E um sonho que se torna realidade!
Em todo o Mearim, neste momento,
Minha terra é a de mais prosperidade.

Lanchas no cais, embarcações cargueiras...
Vai e vem de gente e de mercadorias...
Tudo efervesce o Porto de Pedreiras,

Onde sempre descubro algo de novo
Na sensação de ouvir mil profecias
Sobre a glória futura deste povo!

                                                           
                                  
ANTENOR MAGALHÃES DO AMARAL
03/06/1896 -  ( ... )
Este pedreirense, de grande prestígio social e político, morou em sua terra natal até 1942, quando se transferiu para o Estado do Rio de Janeiro, instalando-se, primeiro, em Itaocara e, depois, em Nova Iguaçu.
Coletor Federal, Deputado à Assembleia Constituinte  Maranhense de 1935, Delegado do Tesouro Nacional no Estado do Rio de Janeiro, sempre teve, profissional e politicamente, uma  conduta irreprovável.
Autodidata, leitor compulsivo e “devora-dor de livros”, nestes teve sua principal escola, onde obteve conhecimentos que, somados aos advindos das experiências de vida, fizeram com que ele, favorecido por invejável riqueza de imaginação, revelasse seus talentos, escrevendo poemas, contos e crônicas, de forma elegante, gramaticalmente correta e agradável de ler.
Antenor Amaral está imortalizado na Academia Pedreirense de Letras, como patrono da Cadeira nº 1, fundada e ocupada pelo poeta Edivaldo Santos.
  
                        * * *


JOSÉ DE RIBAMAR LOPES
08/11/1932 – ( ... )
 Poeta, contista, pesquisador e ensaísta, este ilustre pedreirense se tornou um dos mais expressivos e reconhecidos cultores e estudiosos da Literatura de Cordel.
Ainda muito jovem, mudou-se para Fortaleza-CE. Ali complementou os estudos iniciados na terra natal e, paralelamente às atividades profis-sionais, dedicou-se a seus escritos, à pesquisa sobre o Cordel e ao apoio aos cordelistas do Ceará, o que lhe rendeu o epíteto de “Pai dos Cordelistas Cearenses”.
Recebeu vários prêmios literários em níveis regional (no Maranhão e no Ceará) e nacional (Talentos da Maturi-dade). Citam-se, entre suas principais obras: Quinze Contos Contados, Viola de Saudade, Sete Temas de Cordel, Cordel Mito e Utopia, Literatura de Cordel e A Cabra.
Ribamar Lopes é o patrono da Cadeira nº 34 da Academia Pedreirense de Letras, a qual foi fundada pelo poeta João Barreto e por este ocupada até 11 de abril de 2011.  


Relembrando o Mearim

                  Ribamar Lopes

Esse teu ar solene, majestoso,
Com que deslizas entre as ribanceiras;
Esse fazer-se lento, vagaroso,
Quando banhas as terras de Pedreiras...

As Mães-d’água sorrindo, feiticeiras,
Com acenos de amor, encanto e gozo;
O canto ritual das lavadeiras;
O abismo do teu leito pedregoso...

Os batelões, as lanchas, as canoas;
Os remadores entoando loas,
Jogando no teu dorso suas mágoas...

Relembro tudo isso com saudade...
E, relembrando, mais cresce a vontade
De voltar pra banhar-me em tuas águas.


                  * * *


JOÃO DE SÁ BARRÊTO
18/12/1938 – ( ... )
 Boêmio por natureza, poeta por vocação, notabilizou-se pelos poemas satíricos em que, com jocosa irreve-rência, ironizava fatos e personagens do cotidiano de Pedreiras.
A reconhecida qualidade da poesia de João Barreto levou-o ao lugar de destaque que, hoje, ele ocupa entre os mais louvados poetas de sua terra.
Suas sátiras, sonetos e diversas outros poemas, tão bem elaborados e já amplamente divulgados por meio de folhetos, jornais e edições da Coletânea Poética de Pedreiras, foram reunidas no livro Empréstimo e Puxadas e Outros Poemas, editado em 2010 por Kleber Lago, como presente pela passagem do 72º aniversário do seu grande amigo e confrade.
Fundador da Cadeira de nº 34 da Academia Pedreirense de Letras, patroneada por Ribamar Lopes, João Barrêto a deixou vaga, no dia 11/04/2011, para ir ocupar o seu merecido espaço na galeria dos imortais.

Pálida Lembrança

                        João Barrêto


Por que os anos se foram tão depressa?
Por que o tempo seguiu me não parou?
Por que segui, também, com tanta pressa
E não fiquei com tudo que ficou?

Como a tocha voraz que se arremessa
Sobre a relva que um dia o sol secou,
Foi a desdita cruel sobre a promessa
Que meu peito infeliz acalentou.

Nosso idílio tão belo, como a lua
A espelhar-se num lago de água mansa,
Unia minha alma a alma tua.

E hoje, já desfeita a esperança,
Em meu peito apenas se insinua
Uma eterna e pálida lembrança.


                  * * *

Em verdade, um poema e uma simples síntese biográfica de cada um desses poetas não são o bastante para expressar toda a grandeza de suas almas iluminadas. Mas servem como registro de reconhecimento à importância que tiveram esses ilustres vultos para a vida cultural de nossa terra, razão por que hoje lhe prestamos o nosso culto, tal como lhes hão de prestar as gerações de pedreirenses que nos sucederem.

Kleber Lago

5 comentários:

  1. PÁLIDA LEMBRANÇA de JOÃO BARRETO é um dos sonetos mais lindos que já li...

    ResponderExcluir
  2. Resgatar os poetas de sua terra é louvável. Parabéns, poeta Kleber!
    Carlos Borges

    ResponderExcluir
  3. Li todas as postagens, o blog está maravilhoso.
    Sônia Martha

    ResponderExcluir
  4. GOSTARIA DE SABER SE O SR. ANTENOR MAGALHÃES DO AMARAL É FILHO DE CRESCÊNCIO RAPOSO DO AMARAL. SE FOR FILHO, ENTÃO EU SOU PARENTE DELE.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. O Sr Antenor é filho do do Sr Crescêncio.
      Veio para Nova Iguaçu e firmou família tradicional, numerosa e amiga.
      Inclusive, sou muito Amigo de Crescêncio Raposo do Amaral Neto.

      Att,
      Sebastião Hilton Freitas Junior
      sebastiaohilton@globo.com

      Excluir