quarta-feira, 5 de abril de 2017

2016 - Da Lira de Fim de Ano



                     
                      
     

          Dezembro é um mês em que, envolvido nas emoções provocadas pela expectativa das grandes festas de fim de ano, dou-me muito mais a viver essas emoções do que a expressá-las em prosa e verso. Assim, geralmente escrevo muito pouco, e não será extenso o registro que aqui faço dos poemas selecionados entre os que compus nesse mês.

                                                         (Imagem do Google - cinzário)



    DESEJO EXPRESSO

Não costumo nem gosto de falar
de minha inevitável viagem
para outro plano de vida
e sempre espero
que ela seja tardia e adiável
o quanto possível.


Mas isso não impede
que eu expresse o desejo
de que meus restos
não sejam cremados:
quero meu corpo sepultado,
dar minhas carnes mortas
à terra de minha terra,
e que isso aconteça
num clima de festa,
em que os cantos de alegria
não cedam lugar
a lágrimas e soluços
de tristeza.



Os momentos do adeus serão apenas
os do começo da travessia
da essência de mim para o desconhecido,
enquanto aqui começará a colheita
do que plantei e não colhi,
mas que não se esgotará
para as gerações futuras,
em cuja memória eu não pretendo
ser, do que fui e fiz neste plano,
simplesmente cinzas,
embora guardadas no mais rico
e belo dos cinzários...

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SEGREDO

Para muitos até minto,
mas para ti não consigo,
quanto a transtornos que sinto
desde que "rompi" contigo.

Às vezes, tomando um vinho
com outra, nela eu te vejo
feita um tentador diabinho
a infernizar-me o desejo.

Sobre nós, em versos canto
a relação de prazer
que da mente não me some.

Pelos versos, entretanto,
quem és ninguém vai saber,
pois não revelo o teu nome.
            
            (Trovas Soneteadas)
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    HAICAIS

CEIA NATALINA
    
   Quem pode consome
a sua, enquanto na rua
   muitos passam fome.
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FELICIDADE

   Sublime estesia
de a vida ver convertida
   num céu de poesia.
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VELHO RITUAL

Cada ano vivido
tem valido a pena
para mim,
e é essa a grande razão
de, ao longo de minha vida,
não deixar de repetir-me
no simbólico cumprir
de um mesmo ritual.

Quando os ponteiros se unem
no instante em que Ano Velho
faz sua despedida
e vai embora,
MORRO de saudade
para RENASCER na esperança
de que o Ano Novo
seja igual ou melhor.
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         Obrigado pela atenção! Um grande e carinhoso abraço aos queridos leitores!


                    Kleber Lago


© Kleber Cantanhede Lago