Dezembro é um mês em que, envolvido nas emoções provocadas pela expectativa das grandes festas de fim de ano, dou-me muito mais a viver essas emoções do que a expressá-las em prosa e verso. Assim, geralmente escrevo muito pouco, e não será extenso o registro que aqui faço dos poemas selecionados entre os que compus nesse mês.
(Imagem do Google - cinzário)
DESEJO EXPRESSO
Não costumo nem gosto de falar
de minha inevitável viagem
para outro plano de vida
e sempre espero
que ela seja tardia e adiável
o quanto possível.
Mas isso não impede
que eu expresse o desejo
de que meus restos
não sejam cremados:
quero meu corpo sepultado,
dar minhas carnes mortas
à terra de minha terra,
e que isso aconteça
num clima de festa,
em que os cantos de alegria
não cedam lugar
a lágrimas e soluços
de tristeza.
Os momentos do adeus serão apenas
os do começo da travessia
da essência de mim para o desconhecido,
enquanto aqui começará a colheita
do que plantei e não colhi,
mas que não se esgotará
para as gerações futuras,
em cuja memória eu não pretendo
ser, do que fui e fiz neste plano,
simplesmente cinzas,
embora guardadas no mais rico
e belo dos cinzários...
os do começo da travessia
da essência de mim para o desconhecido,
enquanto aqui começará a colheita
do que plantei e não colhi,
mas que não se esgotará
para as gerações futuras,
em cuja memória eu não pretendo
ser, do que fui e fiz neste plano,
simplesmente cinzas,
embora guardadas no mais rico
e belo dos cinzários...
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SEGREDO
Para muitos até minto,
mas para ti não consigo,
quanto a transtornos que sinto
desde que "rompi" contigo.
mas para ti não consigo,
quanto a transtornos que sinto
desde que "rompi" contigo.
Às vezes, tomando um vinho
com outra, nela eu te vejo
feita um tentador diabinho
a infernizar-me o desejo.
com outra, nela eu te vejo
feita um tentador diabinho
a infernizar-me o desejo.
Sobre nós, em versos canto
a relação de prazer
que da mente não me some.
a relação de prazer
que da mente não me some.
Pelos versos, entretanto,
quem és ninguém vai saber,
pois não revelo o teu nome.
quem és ninguém vai saber,
pois não revelo o teu nome.
(Trovas Soneteadas)
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HAICAIS
CEIA NATALINA
Quem pode consome
a
sua, enquanto na rua
muitos passam fome.
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FELICIDADE
Sublime estesia
de
a vida ver convertida
num céu de poesia.
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VELHO RITUAL
Cada
ano vivido
tem
valido a pena
para
mim,
e
é essa a grande razão
de,
ao longo de minha vida,
não
deixar de repetir-me
no
simbólico cumprir
de
um mesmo ritual.
Quando
os ponteiros se unem
no
instante em que Ano Velho
faz
sua despedida
e
vai embora,
MORRO
de saudade
para
RENASCER na esperança
de
que o Ano Novo
seja
igual ou melhor.
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Kleber Lago
© Kleber Cantanhede Lago
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