quinta-feira, 1 de maio de 2014

AMAR E ESCREVER (Postagem Parcial 1)




Todos os meus livros são editados em processo semiartesanal, com tiragem limitada a 1.000 exemplares por título, e destinados exclusivamente a distribuição gratuita. Em virtude dessa limitação na tiragem, torna-se impossível atender a demanda de todos os potenciais leitores desses livros.

Então, como já mantenho este blog, onde já venho publicando textos que fazem parte de livros editados anteriormente, resolvi usá-lo, também, a partir de hoje, para transcrever o conteúdo poemático completo de Amar e Escrever. Mas isso será feito em diversas postagens, como a que hoje, excluídas as páginas relativas a índice, registros e ficha técnica, mostra os textos que vão da página 5 à página 20.   

 

Kleber Lago
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Amar e Escrever
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Edições KCL
 
 
PALAVRAS PRÉVIAS
 
O despretensioso título Amar e Escrever pode parecer inapropriado para batizar um livro de poemas. Mas tem uma razão de ser: é que nestes últimos anos a importância que aprendi a dar ao significado dessas duas palavras tem me tornado leve qualquer tipo de peso que eu tenha a carregar, ao tempo em que a prática do amor e da escrita me tem feito sentir-me verdadeiramente mais humano.
O livro é composto exclusivamente de poemas que fui criando para acompanhar mensagens por mim postadas nas páginas das redes virtuais de amizade e dos grupos literários a que pertenço. Poemas escritos com alma e sem maiores preocupações com a perfeição na forma de apresentá-los.
Ao reuni-los em uma coletânea de textos, minha intenção não vai além do desejo de oferecer um presente aos que gostam de poesia. Isso, porque o meu exercício poético não visa a uma afirmação de minha existência no mundo das letras, pois, para a satisfação do meu ego nesse particular, basta-me a glória de pertencer ao grupo dos que se sentem bem em AMAR e ESCREVER.
Quanto a este trabalho, só espero que ele seja recebido com o mesmo carinho com que o elaborei e com que o entrego a vocês. 
 
                               Kleber Lago
                                                                             
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   AMAR E ESCREVER
 
 
Essa missão de amar e de escrever
mostra-se em mim um tanto compulsiva,
mas eu, em meu papel de humano ser,
bem sei que ela me apraz e me cativa.
 
Cumprir essa missão me deixa ver
que torno minha alma mais altiva,
e quanto mais a cumpro com prazer,
mais quero que assim seja, enquanto eu viva.
 
Daí, se o medo de falhar me abraça,
em silêncio dirijo-me ao Senhor,
a suplicar que me preserve a graça
 
de, pelo tempo em que ficar em cena,
ter sempre o coração cheio de amor
e a mão sempre capaz de usar a pena.
 
 
 
 
REVIVENDO O QUE NÃO VIVI
 
Pensar em você
é reviver sonhos
que não realizei:
sentir no copo o abraço
que eu queria receber,
ter nos lábios o beijo
que nunca me foi dado,
completar os gestos
que nem mesmo ensaiei.
 
Tudo,
com aquele toque de poesia
servindo de tempero
aos poemas de amor
que eu jamais escrevi. 
.
CARNAVAL
 
Vesti fantasia,
pus máscara na face
e saí por aí
seguindo a multidão,
mas não consegui
ver-me diferente
do que costumo ser
com o rosto exposto.
 
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   MÚSICA E POESIA
 
 
Amo essas artes, mas a que canseira
submetido muitas vezes fico,
lendo versos e ouvindo barulheira,
cujas mensagens não decodifico.
 
Decerto, a música não tem fronteira,
nem a poesia; só não justifico
com isso que se extraia baboseira
desses dois campos, cada qual mais rico. 
 
Eu uma arte à outra sempre atrelo,
Ante a necessidade de mestria
Em quem, por elas, busca expor o Belo.
 
Poesia não é música, é verdade,
Mas música precisa de poesia,
E poesia, de musicalidade.
 
 
 
 
   O RIO E EU
 
No sopé da serra,
cerca-se de verde
uma lagoinha,
de onde escapa um fio
de água para o vale,
e vai se engrossando,
até que se torne
rio caudaloso,
graças à afluência
de diversos veios...
 
Lembra-me esse rio
minha própria vida,
antes tão pequena,
quase não notada,
e hoje – pelo afluxo
de tantos amigos –
para mim se faz
de curso grandioso,
num doce e sereno
vale de amizade.
 
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   PRECE DE GRATIDÃO
 
 
Viva, meu filho! Era, no lar paterno,
a lição cheia de sabedoria
que, com seu jeito amavelmente terno,
o meu saudoso pai me transmitia.  
 
Aprendi a lição... E sempre externo
que, seja em realidade ou fantasia,
às vezes chego a imaginar-me eterno
e vivo a eternidade num só dia.
 
Em tendo a vida por maior presente
que Deus me deu, viver é minha prece
de gratidão perene e reverente.
 
E ao fazer minha prece, sinto, assim,
a todo instante, quanto recrudesce
o prazer de viver, dentro de mim!
 
 
 
 
SIMULTANEIDADE
 
Às vezes, a poesia
desafia o olhar e o sentir
com duas situações
de ocorrência simultânea,
mas que não guardam entre si
a menor relação,
só mesmo para provocar
a reação criativa do poeta
no ato de poemizá-las.
 
Ontem, por exemplo, enquanto eu via
uma pequena folha ainda verde
a flutuar com leveza
entre o galho de que se desprendera e o chão,
recebi a visita inesperada
de uma sensação estranha,
uma espécie de má premonição,
que não entendi
nem quis entender...
 
Sorte foi a simultaneidade
desses dois instantes
permitir-me abrir a porta de minha alma
e empurrar para fora
a sensação ruim,
forçando-a a pegar uma carona
na mesma lufada de vento
que já levava a folha
para longe dali.
 
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   SEMPRE JOVEM
 
 
Enquanto vivo, não penso na morte,
e vejo a idade só como um detalhe,
em que não acho nada que me corte
o prazer de viver, ou me atrapalhe.
 
Navego, driblo os ventos da má sorte,
sempre evitando que meu barco encalhe
nos escolhos que encontro, ou mesmo aporte
em terra onde eu talvez não me agasalhe.
 
Acumulei bastante experiência,
mas, quanto mais aprendo, mais desejo
deixar que meus princípios se renovem.
 
Pois, apesar da plena consciência
de que às vezes no corpo já fraquejo,
mantenho em mim o espírito de jovem!
 
 
 
 
NUM INSTANTE DO PRESENTE
 
 
Pisando estradas, vias e vielas,
faço minhas paradas,
sigo em frente ou volto um pouco,
conforme me convenha,
mas não sem desfrutar
com a intensidade possível
qualquer pedaço de vida,
enquanto cumpro a jornada.
 
 
O que quero é ser feliz
a cada passo e a cada pouso,
num instante do presente,
sem a menor pressa
de chegar aonde eu deva ir,
indiferente ao tamanho do caminho,
à duração da caminhada
e ao destino a que serei levado...
 
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   VERSOS PARA ROSA
 
 
Dói-me tanto encontrar-te assim, chorosa,
Cabisbaixa, encolhida pelos cantos!
Nem reconheço em ti aquela Rosa
Que eu só via a sorrir, cheia de encantos!
 
Põe-te a varrer a mancha nebulosa
De teus olhos! E não importa em quantos
Momentos, nessa sina insidiosa,
Tu tenhas amargado desencantos...
 
Levanta, vem viver! Só é preciso
Que de cada decepção sofrida
Saibas tirar uma lição de vida.
 
Começa, pois, deixando que um sorriso
Venha luzir-te o rosto e dissipar
As sombras de tristeza desse olhar!
 
 
 
 
CURIOSIDADE
 
                  Para Ivone Vigatto
 
Não importa o caminho,
sei que tenho de ir,
e assim me vou,
sem me perguntar aonde...
 
Mas, durante a caminhada,
segue junto comigo
a curiosidade
de saber como seria,
se numa dessas idas
sem destino certo,
eu encontrasse alguém
que me fizesse parar,
e me prendendo em seus braços,
conseguisse neutralizar
esse meu desejo incontrolável
de querer sempre voltar
ao ponto de partida!...
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   SOBRE A PALAVRA MÃE
 
 
Umas são longas no tamanho apenas,
porém curtas em significado;
outras têm, apesar de bem pequenas,
em si muito sentido concentrado.
 
Das línguas, cito aqui entre dezenas:
mater, mère, madre, mãe... Quanto cuidado
na escolha das maneiras mais amenas
de chamar nosso ente mais sagrado!
 
No português, qualquer poeta há de
perceber uma coisa curiosa
que já se fez particularidade:
 
não existe outra rima para mãe
que não seja essa forma afetuosa,
e dela derivada, que é mamãe.
 
 
 
 
PRESCINDÊNCIA

Na emoção do brinde,
o bom vinho
esbordou das taças de cristal
e manchou nossas roupas,
mas isso não impediu a consumação
daquilo a que brindávamos,
pois no projeto daquela noite
roupas figuravam
como peças dispensáveis.
 
 
O TUDO AINDA É NADA
 
Não te quero
um pouco minha,
pois não consigo ser
um pouco teu.
 
Quero, sim,
que te dês toda a mim,
como me dou todo a ti,
mesmo que esse tudo
ainda seja nada
para a plenitude do amor
que sonho para nós...
 
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   NA PAZ DESSES POENTES
 
 
Eu me fascino quando, em tarde amena,
vejo o sol quase todo recolhido
e escuto a voz da paz, suave, serena,
surdinando harmonia ao meu ouvido.
 
A minha mente, de estesia plena,
leva-me em voo ao céu, onde esquecido
de tudo que é desilusão terrena,
vagueio leve, solto e embevecido!...
 
Na beleza de um dia que se finda
em cena apoteótica tão linda,
com doces sensações em mim presentes,
 
poderia morrer, sem querer mais
do que levar comigo a mesma paz
que sinto, enquanto vivo esses poentes!
 
 
 
 
CIVISMO, AMOR E CIVISMO
 
Apesar das dores
trazidas comigo
de uma caminhada
cívica, em protesto
contra os maus gestores,
sei que não consigo
permitir que nada
meu ânimo abaixe.
 
Eis, pois, que me apresto
para aquele encaixe
de nós dois, querida:
o instante de vida
que sempre nos dá
provas de que há
um perfeito nexo
entre amor e sexo.
 
Depois, é dormir,
reconstituir
forças e, refeito,
ir clamar de novo
por zelo e respeito
pela pátria amada,
ao lado do povo
noutra caminhada.
 
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[Lago, Kleber. Amar e Escrever. São Luís: KCL, 2014]

 
Agradeço a atenção.

 
Kleber Lago


© Todos os direitos reservados ao autor.

3 comentários:

  1. Louvo sua iniciativa! Mais uma oportunidade para que muito mais pessoas conheçam o talento do grande poeta que é você.

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  2. Esqueci-me de identificar-me no comentário.

    MÀXIMO FIGUEIRA

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  3. Poeta Kleber Lago, me extasio
    Só no prazer de ler sua poesia:
    Cada palavra a preencher o vazio,
    Quando ele existe - neste dia a dia.

    Não me conhece, sei, nem poderia:
    Nossos caminhos não se cruzam, o rio
    Que passa aí, Mearim, não chegaria
    Até cá, e o daqui ... aqui tem rio?

    Seu verso flui, sai de si naturalmente,
    Que estranha força existe que o alimente?
    Escapa, escoa sem nenhum barulho.

    Pedi sua amizade para o Face,
    Conceda, por favor, que me apetece;
    Sobra a Pedreiras do que ter orgulho.

    Antonio Carlos, advogado, casado com uma pedreirense..
    acp.advoga@terra.com.br No Face: Antonio Carlos / São Luís (MA)

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