Todos os meus livros são editados em
processo semiartesanal, com tiragem limitada a 1.000 exemplares por título, e destinados
exclusivamente a distribuição gratuita. Em virtude dessa limitação na tiragem,
torna-se impossível atender a demanda de todos os potenciais leitores desses
livros.
Então, como já mantenho este blog, onde
já venho publicando textos que fazem parte de livros editados anteriormente,
resolvi usá-lo, também, a partir de hoje, para transcrever o conteúdo poemático
completo de Amar e Escrever. Mas isso será feito em diversas postagens,
como a que hoje, excluídas as páginas relativas a índice, registros e ficha
técnica, mostra os textos que vão da página 5 à página 20.
Kleber Lago
Amar e Escrever
Edições KCL
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PALAVRAS PRÉVIAS
O
despretensioso título Amar e Escrever pode
parecer inapropriado para batizar um livro de poemas. Mas tem uma razão de
ser: é que nestes últimos anos a
importância que aprendi a dar ao significado dessas duas palavras tem me
tornado leve qualquer tipo de peso que eu tenha a carregar, ao tempo em que a
prática do amor e da escrita me tem feito sentir-me verdadeiramente mais humano.
O
livro é composto exclusivamente de poemas que fui criando para acompanhar
mensagens por mim postadas nas páginas das redes virtuais de amizade e dos
grupos literários a que pertenço. Poemas escritos com alma e sem maiores
preocupações com a perfeição na forma de apresentá-los.
Ao
reuni-los em uma coletânea de textos, minha intenção não vai além do desejo
de oferecer um presente aos que gostam de poesia. Isso, porque o meu
exercício poético não visa a uma afirmação de minha existência no mundo das
letras, pois, para a satisfação do meu ego nesse particular, basta-me a
glória de pertencer ao grupo dos que se sentem bem em AMAR e ESCREVER.
Quanto
a este trabalho, só espero que ele seja recebido com o mesmo carinho com que
o elaborei e com que o entrego a vocês.
Kleber Lago
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AMAR E
ESCREVER
Essa missão de
amar e de escrever
mostra-se em
mim um tanto compulsiva,
mas eu, em meu
papel de humano ser,
bem sei que ela
me apraz e me cativa.
Cumprir essa
missão me deixa ver
que torno minha
alma mais altiva,
e quanto mais a
cumpro com prazer,
mais quero que assim seja, enquanto eu
viva.
Daí, se o medo de falhar me abraça,
em silêncio dirijo-me ao Senhor,
a suplicar que me preserve a graça
de, pelo tempo em que ficar em cena,
ter sempre o coração cheio de amor
e a mão sempre capaz de usar a pena.
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REVIVENDO O QUE NÃO
VIVI
Pensar em você
é reviver sonhos
que não realizei:
sentir no copo o abraço
que eu queria receber,
ter nos lábios o beijo
que nunca me foi dado,
completar os gestos
que nem mesmo ensaiei.
Tudo,
com aquele toque de poesia
servindo de tempero
aos poemas de amor
que eu jamais escrevi.
.
CARNAVAL
Vesti fantasia,
pus máscara na face
e saí por aí
seguindo a multidão,
mas não consegui
ver-me diferente
do que costumo ser
com o rosto exposto.
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MÚSICA E
POESIA
Amo essas
artes, mas a que canseira
submetido
muitas vezes fico,
lendo versos e
ouvindo barulheira,
cujas mensagens
não decodifico.
Decerto, a
música não tem fronteira,
nem a poesia;
só não justifico
com isso que se
extraia baboseira
desses dois
campos, cada qual mais rico.
Eu uma arte à
outra sempre atrelo,
Ante a necessidade
de mestria
Em quem, por
elas, busca expor o Belo.
Poesia não é
música, é verdade,
Mas música
precisa de poesia,
E poesia, de
musicalidade.
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O RIO E EU
No sopé da serra,
cerca-se de verde
uma lagoinha,
de onde escapa um
fio
de água para o
vale,
e vai se
engrossando,
até que se torne
rio caudaloso,
graças à afluência
de diversos
veios...
Lembra-me esse rio
minha própria vida,
antes tão pequena,
quase não notada,
e hoje – pelo
afluxo
de tantos amigos –
para mim se faz
de curso grandioso,
num doce e sereno
vale de amizade.
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PRECE DE GRATIDÃO
Viva, meu
filho! Era, no lar paterno,
a lição cheia
de sabedoria
que, com seu
jeito amavelmente terno,
o meu saudoso
pai me transmitia.
Aprendi a
lição... E sempre externo
que, seja em
realidade ou fantasia,
às vezes chego
a imaginar-me eterno
e vivo a
eternidade num só dia.
Em tendo a vida
por maior presente
que Deus me
deu, viver é minha prece
de gratidão
perene e reverente.
E ao fazer
minha prece, sinto, assim,
a todo instante,
quanto recrudesce
o prazer de
viver, dentro de mim!
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SIMULTANEIDADE
Às vezes, a poesia
desafia o olhar e o sentir
com duas situações
de ocorrência simultânea,
mas que não guardam entre si
a menor relação,
só mesmo para provocar
a reação criativa do poeta
no ato de poemizá-las.
Ontem, por exemplo, enquanto eu via
uma pequena folha ainda verde
a flutuar com leveza
entre o galho de que se desprendera e o chão,
recebi a visita inesperada
de uma sensação estranha,
uma espécie de má premonição,
que não entendi
nem quis entender...
Sorte foi a simultaneidade
desses dois instantes
permitir-me abrir a porta de minha alma
e empurrar para fora
a sensação ruim,
forçando-a a pegar uma carona
na mesma lufada de vento
que já levava a folha
para longe dali.
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SEMPRE JOVEM
Enquanto vivo,
não penso na morte,
e vejo a idade
só como um detalhe,
em que não acho
nada que me corte
o prazer de
viver, ou me atrapalhe.
Navego, driblo
os ventos da má sorte,
sempre evitando
que meu barco encalhe
nos escolhos
que encontro, ou mesmo aporte
em terra onde
eu talvez não me agasalhe.
Acumulei
bastante experiência,
mas, quanto
mais aprendo, mais desejo
deixar que meus
princípios se renovem.
Pois, apesar da
plena consciência
de que às vezes
no corpo já fraquejo,
mantenho em mim
o espírito de jovem!
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NUM INSTANTE DO PRESENTE
Pisando estradas, vias e vielas,
faço minhas paradas,
sigo em frente ou volto um pouco,
conforme me convenha,
mas não sem desfrutar
com a intensidade possível
qualquer pedaço de vida,
enquanto cumpro a jornada.
O que quero é ser feliz
a cada passo e a cada pouso,
num instante do presente,
sem a menor pressa
de chegar aonde eu deva ir,
indiferente ao tamanho do caminho,
à duração da caminhada
e ao destino a que serei levado...
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VERSOS
PARA ROSA
Dói-me tanto encontrar-te assim,
chorosa,
Cabisbaixa, encolhida pelos cantos!
Nem reconheço em ti aquela Rosa
Que eu só via a sorrir, cheia de
encantos!
Põe-te a varrer a mancha nebulosa
De teus olhos! E não importa em quantos
Momentos, nessa sina insidiosa,
Tu tenhas amargado desencantos...
Levanta, vem viver! Só é preciso
Que de cada decepção sofrida
Saibas tirar uma lição de vida.
Começa, pois, deixando que um sorriso
Venha luzir-te o rosto e dissipar
As sombras de tristeza desse olhar!
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CURIOSIDADE
Para Ivone Vigatto
Não importa o
caminho,
sei que tenho de
ir,
e assim me vou,
sem me perguntar
aonde...
Mas, durante a
caminhada,
segue junto comigo
a curiosidade
de saber como
seria,
se numa dessas idas
sem destino certo,
eu encontrasse
alguém
que me fizesse
parar,
e me prendendo em
seus braços,
conseguisse
neutralizar
esse meu desejo
incontrolável
de querer sempre
voltar
ao ponto de
partida!...
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SOBRE A PALAVRA MÃE
Umas são longas
no tamanho apenas,
porém curtas em
significado;
outras têm,
apesar de bem pequenas,
em si muito
sentido concentrado.
Das línguas,
cito aqui entre dezenas:
mater, mère,
madre, mãe... Quanto cuidado
na escolha das
maneiras mais amenas
de chamar nosso
ente mais sagrado!
No português,
qualquer poeta há de
perceber uma
coisa curiosa
que já se fez
particularidade:
não existe
outra rima para mãe
que não seja
essa forma afetuosa,
e dela
derivada, que é mamãe.
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PRESCINDÊNCIA
Na emoção do brinde, o bom vinho esbordou das taças de cristal e manchou nossas roupas, mas isso não impediu a consumação daquilo a que brindávamos, pois no projeto daquela noite roupas figuravam como peças dispensáveis.
O TUDO AINDA É NADA
Não
te quero
um
pouco minha,
pois
não consigo ser
um
pouco teu.
Quero,
sim,
que
te dês toda a mim,
como
me dou todo a ti,
mesmo
que esse tudo
ainda
seja nada
para
a plenitude do amor
que
sonho para nós...
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NA
PAZ DESSES POENTES
Eu
me fascino quando, em tarde amena,
vejo
o sol quase todo recolhido
e
escuto a voz da paz, suave, serena,
surdinando
harmonia ao meu ouvido.
A
minha mente, de estesia plena,
leva-me
em voo ao céu, onde esquecido
de
tudo que é desilusão terrena,
vagueio
leve, solto e embevecido!...
Na
beleza de um dia que se finda
em
cena apoteótica tão linda,
com
doces sensações em mim presentes,
poderia
morrer, sem querer mais
do
que levar comigo a mesma paz
que
sinto, enquanto vivo esses poentes!
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CIVISMO, AMOR E CIVISMO
Apesar das dores
trazidas comigo
de uma caminhada
cívica, em protesto
contra os maus gestores,
sei que não consigo
permitir que nada
meu ânimo abaixe.
Eis, pois, que me apresto
para aquele encaixe
de nós dois, querida:
o instante de vida
que sempre nos dá
provas de que há
um perfeito nexo
entre amor e sexo.
Depois, é dormir,
reconstituir
forças e, refeito,
ir clamar de novo
por zelo e respeito
pela pátria amada,
ao lado do povo
noutra caminhada.
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[Lago,
Kleber. Amar e Escrever. São Luís: KCL, 2014]
Agradeço a atenção.
Kleber Lago
© Todos os direitos
reservados ao autor.
Louvo sua iniciativa! Mais uma oportunidade para que muito mais pessoas conheçam o talento do grande poeta que é você.
ResponderExcluirEsqueci-me de identificar-me no comentário.
ResponderExcluirMÀXIMO FIGUEIRA
Poeta Kleber Lago, me extasio
ResponderExcluirSó no prazer de ler sua poesia:
Cada palavra a preencher o vazio,
Quando ele existe - neste dia a dia.
Não me conhece, sei, nem poderia:
Nossos caminhos não se cruzam, o rio
Que passa aí, Mearim, não chegaria
Até cá, e o daqui ... aqui tem rio?
Seu verso flui, sai de si naturalmente,
Que estranha força existe que o alimente?
Escapa, escoa sem nenhum barulho.
Pedi sua amizade para o Face,
Conceda, por favor, que me apetece;
Sobra a Pedreiras do que ter orgulho.
Antonio Carlos, advogado, casado com uma pedreirense..
acp.advoga@terra.com.br No Face: Antonio Carlos / São Luís (MA)