(Capa ilustrada com foto de Pedras Verdes)
CONTEÚDO DESTA
POSTAGEM
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Nº
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TÍTULO DO SONETO
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PG. DO LIVRO
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9
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SORRISO
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37
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10
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CONFISSÕES
DE UMA SONETISTA
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43
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11
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RISO
E CHORO
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47
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12
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BEM
ACOMPANHADO
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53
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13
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MULHER,
UM TEMA FORTE
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67
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14
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AMOR
COMPLETO
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69
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15
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DISFARCE
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71
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16
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VERSEJADOR
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75
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9
SORRISO
Durante
minha humana travessia,
tenho
mostrado ao mundo meu sorriso,
sem precisar
tocar o menor guizo
de algum
tipo fingido de alegria.
Ser triste é
algo que não caberia
dentro do
mundo que eu idealizo;
por isso,
trago em mim e verbalizo
o meu modo
de ser, no dia a dia.
Cada sorriso
que me vem ao rosto
é um poema
escrito por minh’alma
para falar
do meu contentamento
em ser assim
e estar vivendo a gosto
uma vida ora
intensa e ora calma,
porém feliz,
momento por momento!
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10
CONFISSÕES DE UMA SONETISTA
Dedicado a minha amiga Ana Neres, inspirada cultora da
poesia livre, mas que não esconde sua obsessão por compor um soneto
tecnicamente perfeito.
Adoro
as liberdades, em poesia,
mas
muitas vezes eu me submeto
a
uma vontade que me desafia
a
versejar nas linhas do soneto.
E
não posso conter minha ousadia
de
buscar perfeição, quando me meto
num
campo estrutural que a maioria
dos
vates já reputa obsoletro.
Mesmo
pisando ovos vou em frente,
medindo
versos e os cadenciando,
seguindo
a norma em tudo, ponto a ponto,
até
que eu possa, morta de contente,
abrir
um riso escancarado, quando
meu
soneto perfeito estiver pronto.
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11
RISO E CHORO
São reações
opostas que a pessoa
pode sentir,
de forma até serena,
conciliando
a hora e a vez que em cena
deve entrar cada
uma, numa boa.
Pois, no
comum, juntá-las só destoa
a cena, e
tudo então se desengrena,
prova de que
nem sempre vale a pena
rir e chorar
ao mesmo tempo, à toa.
O sorriso
reflete estar contente;
o choro, a
dor. Contudo, há um instante
em que esse
oposto não se evidencia.
E isso
acontece apenas quando a gente
vive uma
experiência fascinante,
em que sorri
e chora de alegria!
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12
BEM
ACOMPANHADO
Na
vida, algumas vezes, eu me vejo
Diante
de uma grande ansiedade
Que
me chega, partindo de um desejo
De
sair por aí, com liberdade.
Então,
mais do que rápido, cotejo
Os
sins e os nãos de possibilidade,
E
só sins me aparecem num lampejo,
Levando-me
a atender minha vontade.
Assim,
eu saio a esmo e, passo a passo,
Vou
por becos vielas e ladeiras,
Sem
demonstrar o mínimo cansaço,
Nem
o medo dos que, a andar sozinhos,
Expõem-se
a emboscadas traiçoeiras,
Pois
Deus está comigo em meus caminhos.
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13
MULHER,
UM TEMA FORTE
Cantada em
verso, é quase sempre airosa,
Feliz,
divinamente encantadora,
Cândida e
delicada como rosa,
Com status
de musa inspiradora.
Quem de
talento para o canto goza
Pouco fala
da triste e sofredora,
Como se uma
existência desditosa
Não fosse de
atenção merecedora.
E se fala, é
num tom só de lamento,
Não indo
nunca ao cerne da questão
Buscar o que
motiva o sofrimento.
Eis que, se
de mulher trata, o poema
Sugere
escolha apenas em razão
Da força
chamativa desse tema.
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14
AMOR COMPLETO
Deixa-me
amar-te assim como desejo,
preenchendo
contigo as horas vãs
de
nossas noites, tardes e manhãs
com
algo bem mais forte e benfazejo.
Permite
que aconteça como vejo:
os
nossos corpos nus – carnes irmãs –
trazendo
à luz recônditos afãs,
sem
fingidos pudores e sem pejo...
E
depois, ao lembrarmos cada jura,
cada
carícia e ato de ternura
do
namoro inda puro e tão discreto,
vamos
poder ouvir nossos olhares
a
nos dizer, por todos os lugares,
que
o nosso amor, enfim, ficou completo.
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15
DISFARCE
Há um amigo
meu, moço, vaidoso,
e que
infeliz no amor, ri e proclama
a todos nós,
com ar de venturoso,
não estar
“nem aí” para o seu drama.
Em visita a
outro amigo, bem idoso,
sábio e que
quase já não sai da cama,
referi-me a
esse caso curioso
que, de
mim, atenção sempre reclama.
Ouviu-me o
sábio... E erguendo-se do leito,
a me mostrar
no olhar aquele jeito
de quem
conhece tudo (até de amor),
revelou-me,
em palavras tão serenas,
que quem
sofre sorrindo tenta apenas
disfarçar
com sorrisos sua dor.
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16
VERSEJADOR
Poeta,
amigos, não me considero.
Julgo-me
apenas um versejador
Que
ao versejar se dá com muito amor,
Tal
como um leigo age junto ao clero.
Diante
dos grandes vates, sou um mero
Artesão
de medíocre valor,
Razão
por que ninguém deve supor
Que
reconhecimento disso espero.
Pude
desenvolver variados temas,
E
quanto a livros, publiquei diversos,
Reunindo
centenas de poemas.
Mas
acredito que melhor seria
Se,
em vez de ter escrito tantos versos,
Eu
tivesse mostrado mais poesia.
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© Lago, Kleber. Outros Momentos. São Luís: KCL, 2013
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