Esta é a postagem final
de textos do livro Viagens para dentro
e fora de mim, contendo as páginas 77 a 90. A partir de agora,
começarei a fazer a distribuição dos exemplares impressos em papel.
Por oportuno,
manifesto os melhores votos de um feliz 2018 aos queridos leitores, com a minha
gratidão pelo incentivo à manutenção deste blog, de natureza exclusivamente literária,
que fechou o ano com os seguintes registros estatísticos de visitas: Brasil -
62.698; Estados Unidos e Canadá - 11.205; Europa - 6.425; Ásia - 204.
Kleber
Lago - Viagens para dentro e fora de mim
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CONTEÚDO POEMÁTICO DESTA POSTAGEM
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Kleber
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DROGADO
Sempre
que pega algum trocado micho,
daqui da rua certas horas some para comprar a droga que consome, mas logo volta, feito um homem-bicho.
Nele
atua a má sina com capricho:
sob efeito da droga, esquece o nome e até se serve, quando está com fome, dos restos de comida que há no lixo.
É
simplesmente um ser que subsiste
no curso de uma vida louca, triste, em que de humano já não restam traços.
E
para ele o mundo é algo estranho,
sem sentido, sem forma, e do tamanho que cabe seu vaivém de poucos passos... |
Kleber
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TRÊS
INSTANTES
Agora,
deves guardar silêncio e escutar-me simplesmente; deixar-me dizer-te tudo o que te omiti sobre meus pensamentos, palavras e atos de que não foras o alvo; permitir-me revelar-te todas as minhas mentiras, fingimentos e traições ao longo desses anos.
Depois,
será a tua vez de livremente me fazeres
as tuas confissões,
a que ficarei atento, sem buscar razões e sem questionamentos.
Mais tarde,
deveremos considerar o que nos dissemos e, vestidos de sensatez, despidos de rancor e mágoa, teremos de decidir entre duas opções:
– ou nos perdoarmos mutuamente
num abraço de reenlace; – ou virarmos as costas um ao outro para o começo de um caminhar em direções opostas... |
Kleber
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APENAS POETA
Se a Poesia me inspira o amor por tema,
sigo um hábito meu, já muito antigo: torno-me personagem de um poema, e conter meus impulsos não consigo.
Assim, versejo sem prender-me à algema
da censura e sem ver qualquer perigo de provocar um conjugal problema que afete tua relação comigo.
Sou só poeta, não quero desfeita
nossa união, quando a escrever me excedo, nem que vivas em clima de suspeita.
Por não ferir-te, se eu buscasse acesso
a novo amor, faria isso em segredo; e o que faço em segredo não confesso. |
Kleber
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À DERIVA
Não
é que eu seja mau velejador,
sou apenas desleixado e não posso velejar sozinho, sem te ter por bússola a indicar o meu norte e por luz que não me deixe desviar de rumo.
Por
um impulso fui levado
a navegar por mar desconhecido
sem
a tua companhia,
e simplesmente paguei pela minha imprudência: tombou o mastro sob a ventania e o leme espatifou-se nos abrolhos.
Num
barco à deriva,
sem vela e sem leme, é como me sinto agora não te tendo comigo... |
Kleber
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PLANTADOR
Fiz-me ativista e dediquei-me a planos
com vistas a lutar pela melhora das condições de meus irmãos humanos, contra os quais a injustiça inda vigora.
Até bem perto dos sessenta anos,
não fui quieto como estou agora, e usei, às vezes, métodos insanos para espalhar ideias vida a fora.
Fui um cultivador de sonhos, sim;
enquanto o fui, mostrei a muita gente como plantar sementes de esperança.
Sei que colhi bem pouco para mim,
mas vendo os que ensinei, fico contente com cada um que melhor safra alcança. |
Kleber
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CAMINHANDO
SEMPRE
Foram muitas caminhadas Ao ir aonde não fui,
pelas estradas da vida, já não busco fama ou glória: e hoje, com setenta e três, sim, tomar novas lições, respeitados meus limites, colher mais conhecimento ainda solto meus passos, para pôr em meus vazios de volta a chãos já pisados que, quanto mais eu preencho, ou rumo aonde não fui. maiores ficam em mim.
O caminhar pela vida
vale a pena para o homem enquanto a alma o deseje, e pouco importa que o corpo, sentindo o peso dos anos, só lhe permita fazê-lo devagar, a passos lentos...
Continuo a caminhar,
feliz, descomprometido
com vaidades e ambições,
deixando o vento levar-me aonde queira o pensamento, para refazer percursos ou descobrir novas trilhas.
De volta a chãos já pisados
por mim, revejo as vitórias, como também os fracassos que tive e que me ensinaram a corrigir certos erros e a criar boa estratégia para aplicar noutra luta. |
Kleber
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A
LUZ DO TEU OLHAR
Sempre que a terna luz do teu olhar
atinge os olhos meus suavemente, experimento uma emoção sem par, em meio a tantas que minh’alma sente.
Um tipo de emoção tão singular,
que me invade de um jeito diferente, tornando-me capaz de levitar, em êxtase, de tudo mais ausente!...
Às vezes, tento descobrir a cor
com que a luz dos teus olhos me irradia igual fascínio. Então, fico a supor
uma composição que o Criador
fez das cores do Sonho e da Poesia, para pôr nessa luz a cor do amor. |
Kleber
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RECUSAS
Ontem te convidei para um passeio,
porém tu recusaste o meu convite, e na desculpa que me deste, veio a alegação de crise de rinite.
Hoje vou te propor um dia cheio
de carinho e prazeres, sem limite, mas estou, em verdade, com receio de que me alegues uma encefalite.
Cada vez que me negas teu carinho
toda a alegria de minh’alma some, e então me sinto como um bebezinho
que se contorce dentro do seu leito
e em pranto denuncia a dor da fome, enquanto a mãe fica a negar-lhe o peito. |
Kleber
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O VÍCIO DE VOCÊ
Sinceramente, sinto-me um menino
sempre que com você, tardes inteiras,
envolvo-me em adultas brincadeiras
em que demonstro quanto sou “malino”.
Você cai em gostoso desatino,
sob o calor de lúbricas fogueiras
que acendo, a explorar de mil maneiras
as curvas do seu corpo pequenino.
... Penso em abdicar a certos vícios
que já se me tornaram de rotina,
embora isso me custe sacrifícios.
Mas não incluo aí aquele que
é, entre todos, o que mais domina
minha vontade: O VÍCIO DE VOCÊ!
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Kleber
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AOS
PRETENSOS JUÍZES
Situações me acontecem
de maneira inusitada,
e não me resta, senão
nelas deixar-me envolver
sem qualquer questionamento
quanto a se certas, ou não.
Vou me deixando levar
pelos ventos da emoção;
vivo-as e as procuro ver
como sendo naturais,
enquanto me fazem bem,
enquanto me dão prazer.
Quem acha que estou errado
mostre-me quem nunca errou,
ou então me ensine um jeito
de evitar que as doces setas
atiradas por Cupido
venham cravar-se em meu peito.
Sou um simples ser humano,
posso até ter alma forte,
mas “a carne é fraca”... Assim,
quando erro por amor,
dou “bananas” a quem queira
fazer-se juiz de mim!
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Kleber
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SEQUENCIAL
O
magnetismo das trocas de olhares,
A
paixão,
os toques "involuntários" de mãos, paixão que faz doer, a convergência de desejos parecidos, as primeiras feridas, a eclosão do beijo não programado, paixão que faz lembrar, o abraço ativador paixão que dá saudade, da química natural paixão que faz o "caedere" em que se tornam mistura perfeita virar "cida" em nossa língua, sensações e emoções compatíveis... às vezes junto com "homo"
e outras vezes, com
"sui"...
A
descoberta do amor,
o sonho da "vie en rose" Pelas minhas a fluir pelos canais não mato, das mentes fascinadas, não me mato, o compartilhamento das mesmas alegrias, simplesmente me morro... a realidade dos contatos mais íntimos, a empolgação das carícias, o sexo, a luxúria, o prazer das fusões carnais na beleza do estar juntos...
Os
problemas do cotidiano,
os primeiros arranhões, as primeiras feridas, os primeiros sinais de desafeto, o azinavre nos conectores da relação, a queda de intensidade na corrente do amor, as crises, o desenlace... |
Kleber
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EM BUSCA DO DESTINO
Há muito tempo vivo além do muro
que me prendia a mim e a tudo quanto me inspirava limites, entretanto meu horizonte ainda é quase escuro.
Tenho me dado a esse trabalho duro
de vagar pela vida, canto a canto, e embora tenha viajado tanto, não consegui achar o que procuro.
Mas, quando venho de qualquer jornada,
logo depois que tiro os pés da estrada, limpando todo o pó, me determino
a não parar, e me encho de coragem
para o começo de nova viagem em busca de chegar ao meu destino. |
Kleber
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SÍNTESE BIOBIBLIOGRÁFICA DO AUTOR
KLEBER CANTANHEDE LAGO (21/2/1942,
Pedreiras - MA). Contador, professor e servidor público federal.
DOMICÍLIOS NO CURSO DA VIDA: Pedreiras - MA, até
1960 e de 1964 a 1975; Rio de Janeiro - RJ, de 1960 a 1964 e de 1975 a 1982;
Teresina - PI, de 1982 a 1991; São Luís - MA, a partir de 1991.
EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO: (Língua Portuguesa): Ginásio Corrêa de Araújo e Escola
Normal Messias Filho (Pedreiras - MA) e Instituto Dom Barreto (Teresina - PI).
VÍNCULO COM ENTIDADES LITERÁRIAS: Membro fundador da
Academia Pedreirense de Letras e membro efetivo da Academia Poética
Brasileira.
CARGOS E FUNÇÕES: Dirigente Municipal da CNEC,
Secretário Municipal de Administração, Vereador, Presidente da Academia
Pedreirense de Letras (Pedreiras - MA); Coordenador do Núcleo de Apoio
Gerencial, Diretor do Departamento de Convênios, Assessor Especial do Reitor,
Assessor junto à Pró-Reitoria de Gestão e Finanças (Universidade Federal do
Maranhão, São Luís - MA).
TÍTULOS E HONRARIAS: Amigo da Universidade da Terceira
Idade - UNITI; Comenda Corrêa de Araújo - Câmara Municipal de Pedreiras;
Honra ao Mérito - Secretaria de Estado da Cultura do Maranhão.
BIBLIOGRAFIA
Livros: Pedreiras
(1970, 2ª ed. 1988), Palavras
(1988), Da Cidade e do Rio (2006), Louvação
a Pedreiras (2006, 2ª ed. 2007), Um
Pouco de Cada Momento (2006), Caderno
de Sonetos (2007), Os Loucos de
Minha Terra (2007), Água e Pedra
(2008), Tempo e Distância (2008), Palavras e Outros Poemas (2009), Da Cidade, da Pedra e do Rio (2009), Deixem tudo como está (2009), Reprodução Gráfica da Palestra “A produção
literária e outras manifestações culturais em solo pedreirense” (2010), Sonetos que não estão no Caderno
(2010), Menções, Cantos e Louvores
(2011), Quadras para os Setenta,
Haicais e Trovas Soltas (2011), Outros
Momentos (2013), Amar e Escrever
(2014), Viagens para dentro e fora de mim
(2017).
Publicações em blog: kleberlago.blogspot.com
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Abraços os queridos
leitores com carinho e gratidão.
Kleber Lago
© Kleber Cantanhede Lago
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