O POETA E O RIO
A
despeito do leito assoreado
e
ameaçado de ficar vazio,
eu
– que muito vivi esse meu rio –
cultuo-o,
como um símbolo sagrado.
Sinto
o meu Mearim acabrunhado,
mas
quando o vejo em seu correr macio,
entro
em êxtase e rápido o recrio
do
jeito como o via em meu passado.
E
se o luar reluz na água barrenta,
trêmula
ao sopro de noturna brisa,
a
cena de beleza me arrebata
a
alma e a joga na corrente lenta,
causando-lhe
a ilusão de que desliza
por
uma esteira líquida de prata!...
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{Imagem compartilhada do Google)
DESEJOS
DE POETA
Quero
ouvir do silêncio a sinfonia,
a
cor das cores distinguir no escuro
e
encontrar na poética magia
a
inocência e a bondade que procuro.
Quero
falar apenas de alegria
que
abrande corações, mesmo o mais duro,
e
consiga aquecer toda alma fria
quanto
filtrar da vida o que há de impuro.
Que
eu flutue, mas não saiba o porquê
de
estar sempre a buscar o que é bonito
em
voos, Leste a Oeste ou Norte a Sul!
E
nunca perca essa ilusão de que
é
o Céu que vejo, olhando o Infinito,
e
de que o Céu tem, mesmo, cor azul!...
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P
R O V A
Cheguem-me aos olhos
as cores da beleza
que ainda não pude admirar,
aos ouvidos os sons musicais
que ainda não fui capaz de ouvir,
ao coração as paixões
que ainda não experimentei!...
Venha a voz da consciência
romper o silêncio
acerca de mistérios e segredos,
que se existem escondidos
sob minhas sombras,
ainda não me foram
revelados!...
Por um instante apenas,
queria fazer o que ainda não fiz,
ser o que ainda não fui,
ter o que ainda não tive,
só para observar
o meu comportamento
nessas condições.
Eu disporia, assim,
de um jeito de saber
se realmente sou sincero,
quando dedico versos de amor
a quem digo que amo,
peço perdão pelos meus erros,
perdoo aos que me fazem mal
e afirmo que vivo sempre
em estado perene de reprodução
de sentimentos bons
que cultivo em minha alma...
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Grande abraço aos leitores!
Kleber Lago
© Direitos reservados ao autor.
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