quinta-feira, 25 de agosto de 2016

2016 - Versos de junho




Em virtude do meu estado de saúde, junho deste ano foi um mês em que pouco produzi poeticamente. Para esta postagem, selecionei alguns poemas entre os que fui capaz de compor quando as condições físicas permitiam que eu aproveitasse os sopros de inspiração que me chegavam à mente.

SOBRE O MEU SONETEAR

Criei meu jeito de sonetear,
bem leve, simples, sem rebuscamento;
e, assim, faço o soneto e me contento
com que ele ganhe marca popular.


Eu não escrevo em busca de um lugar
no universo das letras nem de assento
em qualquer sodalício: meu intento
é minhas emoções compartilhar...


Se tenho a vida por inspiração,
o que quero é cantá-la com paixão,
sem ceder à vaidade olhos atentos.


Afã de glória em mim não se arquiteta,
pois não me arrogo o status de poeta:
só sou "palavrador" de sentimentos!

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                                                                  (Imagem do Google)




HAICAIS

PERCEPÇÃO

Hoje percebi
que meu canto é sem encanto
na vida sem ti.
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CONCESSIVO

Apesar de tudo,
cantei: não me comportei
qual pássaro mudo.
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LEMBRANDO CAMÕES

O fogo da chama
a nos arder, sem doer,
só sente quem ama.
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                                                                                         (Imagem do Google)

A DIFERENÇA

Quando estás sóbria, tenho te inquirido
se ainda me amas. Não respondes nada,
e se insisto, tens sempre decidido
pelo direito de ficar calada.


Mas, ontem, me deixaste enternecido
quando chegaste, um tanto alcoolizada,
me abraçaste e disseste ao meu ouvido
que por mim te manténs apaixonada.


Comigo ocorre o mesmo: a diferença
é que disso jamais guardo segredo,
mesmo depois da relação suspensa,


enquanto só o fazes nos momentos
em que uma embriaguez te rouba o medo
de confessar a mim teus sentimentos...

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POR ESSE AMOR

Durou pouco, porém foi tão gostoso
desfrutar esse amor o quanto pude,
pois que me fez voltar (embora idoso)
ao fervor e ao prazer da juventude.


Foi a expressão de um sonho venturoso,
dessas que ao gosto do pecado alude,
já que ia do gesto carinhoso
ao ímpeto de lúbrica atitude.


Guardo esse amor na mente com desvelo:
e, às vezes, imagino revivê-lo
sem saber de emoção que mais me agrade.


Por tudo que esse amor para mim foi,
preso às suas lembranças sempre eu voe,
levado pelas asas da saudade!

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                                                                 (Imagem do Google)

 



POR MAIS ESTRELAS

Hoje, apesar de um tanto maltratado
pela tal "Chikungunya" e abatido,
meu pensamento está sendo invadido
pelos nossos encontros de pecado.


De instante a instante, tenho me lembrado
de tudo o que nos era proibido,
mas que por nós não pôde ser contido
por ter vindo de modo inusitado.


Sinto-te, em teu louco papel de amante,
a me deixar no estado delirante
de ver no quarto um transluzir de estrelas.


E eu, entre estrelas de magia pura,
só buscando aumentar tua loucura,
na ânsia de querer mais, e mais, vê-las!...

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           Agradeço a visita, de coração, com um forte abraço.
 
                                                   Kleber Lago
© Kleber Cantanhede Lago


segunda-feira, 8 de agosto de 2016

2016 - POESIA DE MAIO




          Nesta postagem estão alguns poemas compostos em maio de 2016.

ALMA DESPIDA

Não preciso de mantos
para cobrir a nudez
de minha alma.

Quero que ela se exponha
tal como fora concebida,
tal como espero
que ela me espelhe
diante do mundo:
humildemente despida de vaidades,
para que eu sempre possa
transpirar doçuras
e espalhar vida afora
a essência de amor
com que a fez para mim
a Vontade Divina.
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(Imagem do Google)
HAICAIS

SEM NEXO
   Se eu buscasse nexo,
a Poesia não traria
   a mim seu reflexo.
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CONVENIÊNCIA
   Gozar o presente,
enquanto escuro o futuro
   aos olhos da gente.
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SUPOSIÇÃO
   Às vezes me ponho
a supor que o nosso amor
   não passou de um sonho.
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AOS AMIGOS
   Só sons de alegria,
no harpejo do meu desejo
   de um lindo e bom dia!
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VOTOS
   Que chegue a segunda
com calor de paz e amor
   e seja fecunda!
                          
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                     QUADRINHA

                               Desde que acordo, esta é
                               sempre minha diretriz:
                               bem cedo pôr-me de pé,
                               viver, amar, ser feliz!
                                 
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REMÉDIO

Quando me chega uma dor,
em vez de me lamentar,
procuro me medicar
com boas doses de amor.


Em ti, acho quem me ampare
e me dê o lenimento
para qualquer sofrimento
com que, acaso, eu me depare.


Caso esteja adoentado
e de saudade padeça
por tudo quanto não faço,


fico bom, por ti mimado,
deito em teu colo a cabeça
e durmo no teu regaço.
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           POR UM SONHO DE AMOR

          Reconheço que passo no presente
          momentos que não são de boa sorte,
          mas sou do tipo que jamais consente
          que cresça qualquer mal que em mim aporte.

          Sou madeira de lei e, simplesmente,
          para manter-lhe o âmago bem forte,
          fiz da seiva do amor seu nutriente,
          a fim de nada haver que a quebre ou corte.

          Quem pensa igual a mim não sonha em vão,
          e vou curar-me, embora isso me leve
          a usar toda a reserva de emoção

          da alma, pois pretendo, em plenitude,
          dar-te, por tempo que não seja breve,
          provas do meu amor, que ainda não pude.
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(Imagem do Google)


ESPERANÇA QUE VIROU SAUDADE

Eu nunca quis saber por qual motivo
os dois nos entregamos à loucura
de um sonho que na mente ainda revivo,
mesmo quando a vontade não procura.


Ardia em nós um fogo intenso, vivo,
mistura de libido com ternura,
que cada vez ficava mais ativo
naquelas poucas horas de ventura!


Pena que, no momento da alvorada
dos pássaros que invadem meu jardim,
tu foste embora sem dizer-me nada,


deixando em tal silêncio a realidade
de uma esperança que pousou em mim
para depressa se tornar saudade...
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AFOGAMENTO

Quanta saudade do meu velho rio
que eu soube desfrutar intensamente,
na infância e adolescência, anos a fio,
inclusive nas épocas de enchente!

Por horas, sem pensar em fome e frio,
os nados e mergulhos na corrente
eram sempre um gostoso desafio
que eu aceitava corajosamente...

Hoje, de sobre a ponte, a olhar o leito
de um rio semimorto, raso, estreito,
eu me afogo nas águas das lembranças

de um Mearim, com lanchas, batelões,
provedor de alimento... e de emoções
para o lazer de adultos e crianças... .
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          Agradeço a visita dos que tenham se interessado pela leitura.
                                         Kleber Lago
© Kleber Cantanhede Lago