terça-feira, 15 de setembro de 2015

POEMAS PARA LER E SENTIR




Para atualizar as postagens do blog, estou transcrevendo mais alguns dos meus poemas que já foram objeto de postagens no Facebook e que estou organizando em novos livros a serem editados. As imagens ilustrativas são compartilhadas do Google.


FELIZ EM MINHA RIQUEZA

Eu não entro em labirinto,
para estar livre do risco
de não achar a saída;
nem sigo cursos da vida
por caminhos muito estreitos,
para não ter de arranhar-me
em vegetais espinhosos
que sempre estendem seus ramos
para dentro dos caminhos.

Sei que do escuro noturno
não costumo sentir medo,
mas prefiro estar no aberto
em noites enluaradas
e com céu cheio de estrelas,
para que aviste de longe
todo eventual perigo,
de forma a me permitir
preparar minhas defesas.

Sem falar em ter, ainda,
o encanto de noite assim
por fonte de inspiração
para escrever um poema,
seja sem métrica e rima,
mas em plena consonância
com o dom que trago em mim
de ver poesia e beleza
em tudo quanto Deus cria.

Quando tenho de tomar
uma decisão qualquer
só me ponho nos extremos:
SIM ou NÃO, nunca TALVEZ,
e a decisão sai na hora
que a consciência me aponte
o lado em que eu deva estar;
por isso ninguém me vê
ficar “em cima do muro”.

Nada lamento da vida.
apesar de ter “perdido”
muitas “oportunidades”
de viver “bem situado”,
política e socialmente,
porém me sinto feliz
quando me olho e me vejo
pobre só do que não tenho
na riqueza do que sou.




HABITUALISMO

Nos versos de um soneto descrever
amores, sonhos, coisas corriqueiras,
tem sido para mim, nas sextas-feiras,
um hábito tão cheio de prazer!

Já deixo a pena no papel correr
livre, só tendo as margens por fronteiras,
desde bem cedo, logo que as primeiras
luzes venham no céu aparecer.

Se ela registra, mesmo sem que eu peça,
que quando ao receber algum favor
costumo dar em troca uma promessa,

há duas coisas que jamais prometo:
passar um dia sem falar de amor
e uma semana sem fazer soneto.



TUDO BEM!

Ao te amar com todo o apreço
Que nas trovas apregoo,
Sei que tolo até pareço,
 Mas sem bom senso não sou!

Eu venho tendo de ti
Atenção pouca e fugaz,
E há muito já percebi
Que tu não me queres mais.

O desenlace eu aceito,
Mas sem fugas: face a face,
Com ternura, assim do jeito
Como ocorreu o enlace.

Dir-me-ás, então, de frente,
Que foi tudo uma paixão
Louca, mas que, finalmente,
Ouviste a voz da razão.

Eu, sem mágoa, sem desgosto,
Sem qualquer ressentimento,
Com um beijinho em teu rosto,
Selarei o assentimento.

Em mim, de nossa cisão
Não ficará cicatriz,
Nem morrerá a emoção
De ter sido tão feliz.

E tu verás que, de fato,
Com toda sinceridade,
A ti sempre estarei grato
Por tanta felicidade.

Nosso amor valeu! No entanto,
Depois de por ti perdido
O que te inspirou de encanto,
Deixou de fazer sentido.

Morreu. Tudo bem! Deus faça
Que das cinzas desse amor
Nossa amizade renasça
E venha com mais vigor!

Saberei ser teu amigo
Sem deixar transparecer
Que já desfrutei contigo
Tanta loucura e prazer.

E nesse retorno ao antes,
Tanto podes como eu posso
Manter o tempo de amantes
Como segredo, só nosso.



SONETO DO AMOR DESFEITO

De ti a ideia veio. Por sinal,
em face das razões, dei por aceito
retornarmos, em sendo o amor desfeito,
à amizade, de forma natural.

E assim se fez... Na hora, passei mal,
dando a impressão de estar insatisfeito,
mas logo procurei achar um jeito
de manter o equilíbrio emocional.

Deixei os meus sentidos desatentos
a máximas e a outros pensamentos
que, de ouvir desde a infância, sei de cor.

E cheguei, por mim mesmo, à conclusão
de que termos saído da ilusão
para a realidade foi melhor.



A LUZ DO TEU OLHAR

Sempre que a terna luz do teu olhar
atinge os olhos meus suavemente,
experimento uma emoção sem par,
em meio a tantas que minh’alma sente.

Um tipo de emoção tão singular,
que me invade de um jeito diferente,
tornando-me capaz de levitar,
em êxtase, de tudo mais ausente!...

Às vezes, tento descobrir a cor
com que a luz dos teus olhos me irradia
igual fascínio. Então, fico a supor

uma composição que o Criador
fez das cores do Sonho e da Poesia,
para pôr nessa luz a cor do amor.


Aos leitores, agradecimentos e abraços com carinho!

Kleber Lago
© Kleber Cantanhede Lago