segunda-feira, 30 de março de 2015

TROVINHAS DE AMOR II

(Imagem compartilhada do Google)


Triste é dormir e sonhar
A teu corpo aconchegado
E bem cedo, ao despertar,
Não te encontrar a meu lado.


Sempre que nua me expões
Teus peitinhos provocantes,
Sugá-los traz-me emoções
Que eu nunca sentira antes!


Esse teu modo aparente
De tão recatada dama
Não lembra a fogueira ardente
Que és tu, comigo, na cama.


Meu jeito sentimental
De te amar revelo em trovas,
Porém o jeito animal
É segredo, e só tu provas.


Se eu pudesse, todo dia,
Nas manhãs, tardes e noites,
Teu corpo castigaria
Com carinhosos açoites.


De Cupido tu roubaste
Sua mais certeira seta
E, bem profundo, a cravaste
No peito deste poeta.



Se com seu marido a vejo,
Ter ciúmes não consigo,
Pois eu sei que o seu desejo
Era estar ali comigo.


Depois dos doces pecados
Cometidos como amantes,
Seríamos, separados,
Os bons amigos de antes?!


A espera até vale, pois
Se tarda um pouco ocorrer
Um encontro entre nós dois,
Ele nos traz mais prazer.



Pode guardar esse olhar
Meigo, suplicante e lindo,
Que já pude adivinhar
Tudo o que estás me pedindo.

Por mares cheios de abrolhos
Sempre naveguei no escuro,
Até que a luz dos teus olhos
Me trouxe a um porto seguro.


Difícil, dizer-lhe aqui
(perdoe-me se puder!),
Mas ontem eu a traí
Nos braços de outra mulher.



Sei por que nunca te assustas
Ao ver-me ficando pobre:
É que amor – o que me custas –
Tenho muito, e talvez sobre.


Em cama ou sofá estreito,
Nós – eternos aprendizes
Do amor – sempre achamos jeito
De estudar e ser felizes.


Não me digo trovador.
Mas, entre antigas e novas,
Só as que falam de amor
Somam mil e uma trovas.



É por nos amarmos tanto
Que não sinto o menor medo
De este amor perder o encanto
Se deixar de ser segredo.


É árduo nosso caminho,
Mas trevas nele, jamais,
Pois a sede de carinho
Em fachos de luz se faz.


“Te amo!” qualquer mulher
Julgará frase vulgar,
Se o homem que lha disser
Não souber isso provar.



Tolo, se eu fosse incapaz
De sentir-me assim tão teu,
Tendo o amor que tu me dás
Como nunca alguém me deu.


Acabo ficando louco,
Porque, mais que tu me agrades,
Três horas é muito pouco
Para matar-me as saudades.


As horas dos dias crescem
Numa espera angustiante,
E essas três horas parecem
Durar somente um instante.



Só pretendo ser preciso.
Meu amor, quando te digo
Que, se existe, o Paraíso
Fica onde estejas comigo.


Onde você estiver,
Minhas trovinhas, querida,
Vão proclamá-la a mulher
Que eu mais amo nesta vida!


Desse teu modo envolvente
E de vicioso prazer
Já me fiz um dependente
Que quer sê-lo até morrer.



Eu de encanto fico pasmo
Em nossas horas de amor,
Ao notar que a cada orgasmo
Teus olhos mudam de cor!


Textos transcritos do meu livro Quadras para os Setenta, Haicais e Trovas Soltas e do meu status no Facebook.

© Kleber Cantanhede Lago