sábado, 21 de setembro de 2013

MAIS ALGUNS POEMAS

(Uma vista de minha cidade natal - Pedreiras-MA)


Eis um pouco mais deste meu prazer de escrever versos para dividi-los com os que gostam de poesia.  


VISITA A MOENTOS DA INFÂNCIA

Ao voltar para a infância o pensamento,
Vejo a pequena Vera na calçada
e com ela combino um casamento,
Igual àqueles dos contos de fada...

Sinto, também, a angústia do momento
em que ela parte, pelos pais levada,
e eu começo a amargar o sofrimento
de perceber minha ilusão frustrada.

E eu lá... Ainda pré-adolescente,
já poetando um fim de fantasia
e a cena que ficou em minha mente,

a golpear-me como dura clava,
onde a doce esperança que partia
dava vez à saudade que chegava!...


       REVEZAMENTO

A vida é luz. Por isso mesmo, quando
Uma foge de nós, outra aparece.
E enquanto luzes vão se revezando,
Nossa alma se apraz e se embevece.

No mundo tudo ocorre sem desmando,
Conforme o Criador estabelece:
É o Sol toda tarde declinando
No horizonte, onde o azul sempre enrubesce...

É, após cada lírico arrebol,
Cansado e sem fulgor, buscar o Sol
Um lugar no Ocidente, onde se acoite,

Para a Lua, que logo se aparata
Com seu luzente encanto cor de prata,
Assumir o papel de “Sol da Noite”.


    FOI... É... SERÁ...

Foi o encontro
de cargas de energia opostas,
traduzido numa troca de olhares,
que nos revelou, um para o outro...

Foi apenas um dia
para que ocorresse o primeiro beijo,
com sabor de adolescência
e calor de paixão nascente...

Foi somente o tempo limitado
de três curtos anos
para que vivêssemos
sensações ilimitadas,
que tanto nos fizeram flutuar
entre nuvens de ternura,
quanto provocaram loucuras
que deixaram hematomas
na “pele” de nossas almas...

Não foi mais que um instante
para que nós, atores da história,
saíssemos de cena,
cada qual para o seu lado,
e as cortinas do palco se cerrassem,
sem aplausos nem vaias
da platéia...

Mas é todo um resto de vida
para carregar esse fardo de lembranças,
que embora grande, não me pesa nada...
Também será de leveza imensa,
e sem o menor sinal
de dor, magoa ou tristeza,
o prazer que sentirei
em levar esse fado comigo
para a eternidade...



      CRIME E CASTIGO

Vão ouvir muito a velha cantilena
em que afirmo que amar-te é tão sublime
e que eu te amo de maneira plena,
talvez bem mais do que meu canto exprime. 

Mas se por isso o mundo me condena,
vivo pagando ao mundo por meu crime
e, alegre, cumpro minha doce pena
que tanto agrada quanto não reprime!

A pena é demonstrar como cresceu
em mim o que parece demasia,
enfatizando sempre que este meu

desejo de te amar cada vez mais
é como a fome que não se sacia
e a sede que jamais se satisfaz!

      
 PRECE DE GRATIDÃO

Viva, meu filho! Era, no lar paterno,
a lição cheia de sabedoria
que, com seu jeito amavelmente terno,
o meu saudoso pai me transmitia.  

Aprendi a lição... E sempre externo
que, seja em realidade ou fantasia,
às vezes chego a imaginar-me eterno
e vivo a eternidade num só dia.

Em tendo a vida por maior presente
que Deus me deu, viver é minha prece
de gratidão perene e reverente.

E ao fazer minha prece, sinto, assim,
a todo instante, quanto recrudesce
o prazer de viver, dentro de mim!


          ROSA

(A Rosário Vidal, in memoriam)

Rosa mulher,
Rosa mãe,
Rosa amiga,
Rosa coragem!

Rosa cujo ato simbólico
Do que se costuma chamar
“Último adeus”
Não roubará a constância
De sua presença em nós.

Rosa que, ferida
Por humano mal,
Não se despetalou
Nem caiu do galho.

Rosa imarcescível
Que será sempre viçosa
Em nossa lembrança
E no jardim de Deus!


Mais uma vez obrigado aos leitores deste blog.
Kleber Lago

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